Perder o pé
in In-formal
2008
Museu Martins Sarmento
Guimarães
Curadoria: Laboratório das Artes
Perder o pé (com anamorfose) // Óleo s/tela // 2008 |
Perder o pé
Hoje, a dicotomia natural vs artificial já não funciona como modelo indispensável à leitura de imagens ou objectos. A convivência com a distorção, a desorientação ou a incompreensão foi-se apresentando como possibilidade viável ao entendimento das coisas no mundo.
No séc. XVI esse pensamento dicotómico fazia todo o sentido. O lugar oposto ao natural era trabalhado com mestria – era aí que o génio se mostrava – através de ferramentas onde se ensaiava o artificial. O uso da distorção pela manipulação da perspectiva, por exemplo, colocava as imagens num lugar onde a farsa e o engenho propunham um reduto confortável a um mundo que se ia apresentando cada vez mais estranhamente complexo e irreconhecível.
Quase cinco séculos depois, esse estranhamento ainda se mantém, mas o pensamento dicotómico dissolveu-se.
Esta pintura usa uma dessas ferramentas de manipulação do real, a anamorfose, na submersão duma imagem numa outra: um reflexo anamórfico, que reflecte também um tempo num outro.
Quase cinco séculos depois, esse estranhamento ainda se mantém, mas o pensamento dicotómico dissolveu-se.
Esta pintura usa uma dessas ferramentas de manipulação do real, a anamorfose, na submersão duma imagem numa outra: um reflexo anamórfico, que reflecte também um tempo num outro.
Isabel Ribeiro, 2008