► Leitura II - 2013





Leitura II

in Casa Ocupada

04 Mai 2013 a 19 Jan 2014

Casa da Cerca
Almada


Curadoria: Alexandra Canelas




Leitura II // Tinta da china s/Parede // 2013







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O Roubo dos Papiros // Tinta plástica s/Parede // 2013




"A sua prática está ligada à pintura, ao desenho, à escultura e ao vídeo, mas é no âmbito da primeira que Isabel Ribeiro tem desenvolvido uma produção mais regular, tendo a tela como suporte privilegiado. No seu trabalho tem abordado temas como as relações de poder que se estabelecem entre os indivíduos em sociedade, ou os fracassos do ser humano face ao que o rodeia. Capturadas da ficção ou do real, neste último caso recorrendo à maquina fotográfica, as suas imagens representam muitas vezes instantâneos quotidianos, ambientes exteriores e interiores nocturnos, que são paisagens e ao mesmo tempo autorretratos.

No seu percurso destacam-se também as intervenções site specific. Na Casa da Cerca, no âmbito da exposição colectiva "Casa Ocupada", a artista interveio em dois espaços distintos: a sala de leitura do Centro de Documentação e Investigação e o Jardim Botânico. Partindo de uma pesquisa e reflexão sobre a história da Casa da Cerca e das suas diversas ocupações longo do tempo, sobre os espaços e a sua função, as intervenções aqui realizadas têm como tema principal o tempo a sua passagem pelos suportes da palavra escrita. Leitura II, na sala de leitura, propõe uma viagem pela história dos suportes da escrita do presente para o passado, do livro de papel impresso e encadernado dos nossos dias, aos rolos de papiros e pergaminhos dos nossos antepassados. Um projector no topo da pilha de livros pintada na parede entrada da sala define as zonas a preto no tecto, ou "espaços de sombra" , e as zonas onde são "visíveis" vários rolos de papiros e pergaminhos armazenados, os "espaços iluminados", havendo aqui uma relação formal entre os arcos abobadados e as estantes usadas para guardar este tipo de documentos. A sua representação no tecto, área inacessível na utilização habitual de um espaço, surge "como metáfora ao que nos é possível de aceder, desse passado". Na zona da mata do Jardim Botânico, a relação com o espaço envolvente com o jardim, o rio inspirou O roubo dos papiros. Representando um fragmento de um navio, cuja configuração sugere também a ramificação de uma árvore, esta pintura mural os casos episódicos de roubo de papiros e pergaminhos dos navios que atracavam no porto egípcio de Alexandria."

Alexandra Canelas, 2013
in Casa Ocupada